“Planto flores no caminho para que não me faltem as

borboletas. Foram elas que me ensinaram que o casulo

não é o fim. É o começo."

Day Anne



11 de dez. de 2007

Nós somos


Nós somos a soma de nossas partes, governadas ou desgovernadas.
Nós somos o resultado de nossas ações, boas e ruins.
Nós somos o equilíbrio entre o ser e o querer.
Nós somos o desalinho das emoções que nos atropelam.
Nós somos a criança que festeja a soltura das amarras.
Nós somos a lágrima retida que inunda de pesar nossa alma.
Nós somos a densidade de nossos sentimentos, manifestos ou não.
Nós somos o disfarce de nossas fraquezas inconfessáveis.
Nós somos a totalidade da desintegração de nossos sonhos.
Nós somos a perseverança que nos arrasta pelos caminhos incertos.
Nós somos o domínio de nossas fúrias contidas.
Nós somos a ternura que alimenta nossa criança interior.
Nós somos o sorriso que morre na lágrima que desliza.
Nós somos a dualidade da vida que nunca cessa.
Nós somos a ponte entre a paz e a loucura que nos ronda.
Nós somos a perigosa correspondência entre o bem e o mal.
Nós somos a sombra que gela nossa própria existência.
Nós somos o brilho que ofusca a tristeza teimosa.
Nós somos o soluço que perpassa o peito aflito e dorido.
Nós somos a música que rompe o silêncio angustiado.
Nós somos a perfeição de nossas metades incompletas.
Nós somos o tormento incessante das questões não resolvidas.
Nós somos a negação que oculta nossas culpas odiosas.
Nós somos o romper da aurora na escuridão das dores que mutilam.
Nós somos a voz que cala o grito preso na garganta.
Nós somos o mel e o fel de nossas experiências ganhas.
Nós somos o abraço que consola a dor sorrateira, encobrindo-a.
Nós somos a leveza dos passos que evitamos dar para prosseguir.
Nós somos o assombro que nos invade à visão do mal que assola o irmão.
Nós somos o berço das emoções mais profanas.
Nós somos a chaga que corrói os recônditos do espírito armado.
Nós somos o poema que conta nossa saga, dolorosamente.
Nós somos a clemência que perdoa, magnanimamente, nossos erros.
Nós somos o calor abrasivo de nossos amores, calmos ou tempestuosos.
Nós somos o alegre descompromisso das tardes de domingo.
Nós somos as linhas que tecem nossos agasalhos para a alma.
Nós somos os olhos que espreitam nossos temores.
Nós somos a rudeza das palavras ásperas que ferem.
Nós somos as mãos presas que não se movem na direção das soluções.
Nós somos a crueldade dos gestos calculados, manipuladores.
Nós somos a graça que fazemos de nossas gafes fortuitas.
Nós somos o reverso da medalha que ostentamos na vida.
Nós somos a tempestade que nossos conflitos gera.
Nós somos as garras cruéis que nos prende num passado infeliz.
Nós somos as algemas que nos impede de voar livremente.
Nós somos a eterna metamorfose que constrói nossa história.
Nós somos o produto de nossos pensamentos nefastos, escondidos no calabouço de nossa miséria interior.

♥ Denise- 2006

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